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França – Brasil: quais as diferenças no trabalho de Relações Públicas?

Relato de uma francesa em estágio no Brasil

Embora a França e o Brasil sejam dois países provenientes da cultura latina, existem diferenças culturais, especialmente no trabalho. Durante meu estágio em uma agência de relações públicas, vários aspectos me surpreenderam e me permitiram aprender mais sobre a cultura brasileira. Obviamente, não é generalidade, mas apenas minha própria experiência em uma agência de comunicação.

A ausência de fronteiras entre a vida pessoal e a vida profissional
Se na França, não se fala facilmente da sua família no trabalho, no Brasil é uma prática bastante comum. Enquanto os franceses se contentam de manter relações cordiais no local de trabalho, os brasileiros estão muito mais calorosos e falam mais prontamente sobre sua vida privada. Eles gostam de contato e de compartilhar seus cotidianos. Eles sabem dar atenção aos outros. As relações humanas estão muito mais aprofundadas no contexto profissional, permitindo criar laços e assim, uma melhor harmonia no trabalho.

As relações hierárquicas
No Brasil, as relações de subordinação no trabalho não são tão importantes como na França. Em primeiro lugar porque os gestores/empresários estão mais à escuta e sabem estabelecer desde o início um clima de confiança, mas também porque os brasileiros são mais descontraídos e se dirigem mais positivamente à sua equipe. Os franceses estão mais frequentemente estressados e, por isso, os gestores têm a tendência de serem mais formais e menos próximos dos seus colaboradores. Assim, um líder brasileiro será mais compreensivo com seus funcionários porque são mais acessíveis.

Os diplomas requeridos
Existe também uma diferença quanto aos diplomas requeridos para algumas funções, como assessoria de comunicação. Em agências de comunicação francesas, os recrutadores tendem a optar por profissionais não só da área de comunicação, mas de negócios ou administração de empresas, por exemplo. Por outro lado, numa agência brasileira, em geral, privilegiam estudantes de jornalismo ou relações públicas, favorecendo assim as competências adquiridas nesses cursos, como escrita e relacionamento com imprensa.

A formação universitária
Os brasileiros estão sempre buscando se atualizar profissionalmente, eles não hesitam a voltar a estudar, paralelamente ao emprego. Então não é raro de ver pessoas de qualquer idade estudando nas aulas noturnas para se aperfeiçoar numa área ou simplesmente para atualizar seus conhecimentos. Na França, por outro lado, os profissionais não conciliam a vida profissional e os estudos, já que as atualizações são feitas dentro do próprio ambiente de trabalho.

O respeito dos horários
Enquanto os franceses são muito criteriosos com a pontualidade no trabalho, os brasileiros são mais flexíveis. A produtividade do trabalho é, por vezes, mais importante que o horário de chegada no emprego. De fato, em grandes cidades onde os engarrafamentos são a norma, é difícil saber exatamente quanto tempo um trajeto vai demorar.

A duração dos estágios
No Brasil, a entrada na universidade representa também o início da carreira profissional. Os estudantes começam os estágios no primeiro ano da graduação, trabalham 30h por semana e depois continuam com suas aulas. Na França, o sistema é diferente. Os estágios estão quase ausentes na graduação e aparecem somente no mestrado. Em seguida, vem um período de alternância entre meses de aulas e meses de estágios, mas é raro que os dois ocorra simultaneamente.

Texto escrito por Maïsa Machado, intercambista em estágio no Brasil.

Capital Informação

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