Assim como a Indústria 4.0, por meio da automatização dos processos, desponta como caminho natural para aumentar a competitividade do setor, a revolução digital vem transformando a forma como empresas e marcas se relacionam com seus públicos-alvo para alcançar suas metas de negócios.
Nos anos 90, os assessores de imprensa dependiam do telefone e dos correios para fazer chegar as notícias de seus clientes aos jornalistas e era muito comum datilografar o press release na máquina de escrever, fazer cópias e entregar pessoalmente o texto nas redações. A primeira grande revolução digital foi a entrega de press releases por e-mail com a popularização da internet nos anos 2000.
Passados quase vinte anos, com um simples celular e alguns poucos comandos, o assessor de imprensa distribui releases por e-mail, os publica no site do cliente compartilhando o link nas mais diversas redes sociais, bem como entra em contato com os colegas da imprensa, principalmente, pelo Facebook e WhatsApp. No Facebook, por exemplo, encontramos vários grupos formados por jornalistas em busca de pautas e fontes. Tudo muito rápido, muito bom, mas com um preço alto a se pagar: resultados.
Se há alguns anos, o papel do assessor de imprensa já foi questionado para se tornar mais estratégico, em uma sociedade hiperconectada como a de hoje, com um consumidor altamente exigente, se comunicando diretamente e freneticamente pelas redes sociais com empresas e produtos, esse diferencial “estratégico” do papel da assessoria passou a ser uma questão de sobrevivência. Mas afinal, em uma época na qual o próprio cliente tem ao seu dispor uma série de ferramentas necessárias para se comunicar com seus stakeholders, como se destacar e se tornar indispensável?
Com o aumento da demanda dos canais de comunicação, tenho notado uma tendência de crescimento por parte de algumas empresas na profissionalização da Comunicação Empresarial. É fundamental ter um profissional habilitado na função (aqui no Brasil, o trabalho de assessor de imprensa é realizado por um jornalista ou relações públicas) para executar esse trabalho. O cliente não tem tempo para fazer e, muitas vezes, sem experiência no assunto ao tentar operacionalizar as ações de comunicação, acaba comprometendo e põe em risco a própria imagem e reputação da empresa ou marca.
O assessor tem o conhecimento necessário para lidar com o jornalista dos veículos contornando (e evitando que se inicie) crises. Ele é o responsável por decodificar, estruturar, planejar e entregar a informação para a imprensa sem ruídos. Hoje, a atividade vai muito além da produção e disseminação de textos jornalísticos para imprimir a credibilidade necessária. As agências precisaram ampliar os serviços, com um olhar 360º sem deixar de monitorar tudo que é mencionado da marca pelo público externo (clientes, imprensa, fornecedores etc.) e interno (os funcionários são os porta-vozes não oficiais das marcas e/ou empresas).
Em termos de formato, percebemos que a informação – matéria-prima do trabalho de assessores e jornalistas – ganha novos contornos e formas de apresentação. Ela está disposta em hipertextos linkados a temas semelhantes. As pessoas navegam literalmente pela rede por meio dos hiperlinks até que se esgote sua curiosidade sobre determinado tema ou até mesmo que outro desperte seu interesse. Diante desse cenário, os assessores também mudaram o formado dos releases. Hoje os materiais produzidos passaram a incorporar recursos multimídia, como fotografias, vídeos, podcasts, feeds de RSS e outras ferramentas de bookmarking social.
O assessor de imprensa 4.0 deve ser capaz de assimilar todas essas mudanças e ao mesmo tempo agir rapidamente, com precisão e transparência diante dos diferentes tipos de comunicação– mídia impressa, online e social mídia.
Sim, a comunicação deve ser estratégica e considerar as mídias sociais como um público a mais na comunidade de formadores de opinião. Um esforço bem-sucedido de comunicação envolve a determinação de objetivos claros e mensuráveis e a elaboração de mensagens transmitidas de forma eficaz a públicos definidos, usando a mídia apropriada. Isso é competência, o resto é amadorismo.
*Adriana Athayde é Sócia-Diretora da Capital Informação